Inflação supera 1% em fevereiro, mas economistas veem leves sinais positivos; entenda

Inflação supera 1% em fevereiro, mas economistas veem leves sinais positivos; entenda

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechando fevereiro com alta de 1,31%, no maior nível para o mês em 22 anos. Considerando apenas meses de fevereiro, o IPCA foi o mais agudo desde 2003, quando houve inflação de 1,57%. Levando em conta todos os outros meses, é a mais alta desde março de 2022; quando havia subido 1,62%.

Apesar dos números superlativos, o IPCA foi em linha com o esperado pelo mercado e com alguns sinais positivos sobre desaceleração de preços, segundo apontam economistas.

Cabe ressaltar que a alta de fevereiro concentrou-se em quatro dos nove grupos pesquisados, que juntos representaram 92% do índice do mês. O grupo Educação apresentou variação de 4,70% e impacto de 0,28 ponto percentual (p.p.), devido aos reajustes das mensalidades escolares no início do ano letivo.

Habitação teve variação de 4,44% e impacto de 0,65 p.p., influenciado pelo fim do Bônus de Itaipu, que levou a um aumento de 16,8% na energia elétrica residencial, aponta a Polo Capital. Alimentação e bebidas registrou variação de 0,70% e impacto de 0,15 p.p., enquanto Transportes teve variação de 0,61% e impacto de 0,13 p.p. Em 12 meses, alimentação e bebidas continua sendo o principal vilão com alta de 7,0% e representando 21,87% do peso do índice geral.

Em termos de política monetária, a composição do dado demanda cautela, mas carrega um viés positivo frente as últimas divulgações, avalia Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

Boa parte da alta observada no período se deve a choques sazonais que reverberam sobre itens com participação relativa elevada no cálculo do IPCA.

“Outros movimentos, de natureza conjuntural, trazem os primeiros sinais positivos, ainda que seja muito cedo para caracterizar como um movimento contínuo, buscado pelo BCB através da sua política monetária”, avalia a economista.

Os grupos caros para a condução da política monetária estão menos pressionados pontualmente e se somam a uma série de divulgações que expressam o arrefecimento da atividade, a exemplo da produção industrial divulgada nesta semana, do PIB divulgado na semana anterior, do arrefecimento das concessões de crédito visto nos últimos 3 meses, do mercado de trabalho expresso na PNAD e de uma série de divulgações promovidas nos últimos 2 meses, aponta Carla.

Para Carla, isso não significa que há espaço para esmorecimento na condução da política monetária, cujo plano de voo não deve ser alterado para o Copom (Comitê de Política Monetária) da próxima semana, mas enfraquece a pressão sobre o Banco Central para as decisões de política monetária subsequentes.

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